Adoro ficar com meu bebê nos braços, mas há quem afirme que
isso não é bom nem para ele nem para mim... É verdade?
Publicado em 05/09/2012
Claudia Rohenkohl
Conteúdo do site CLAUDIA
Contato físico investido de carinho é fundamental para o
desenvolvimento do bebê
O que faz uma mãe se perguntar se colo faz mal ao bebê? Que
tipo de mal o excesso de colo faria? Se a resposta é ele pode
ficar mal-acostumado, deveríamos interrogar: mal- acostumado com o quê?
Contato físico investido de carinho é fundamental para o
desenvolvimento do bebê. Nós nos constituímos como seres humanos na relação com
o outro. Como o filhote humano nasce totalmente dependente de cuidados, essa extrema
dependência inicial faz com que seja importantíssima uma relação constante de
carinhos e cuidados entre o bebê e um adulto que o acompanhe a maior parte do
tempo. Na nossa cultura, esse papel normalmente é da mãe. A forma como ela
passa seu cuidado e projeta o futuro de seu filho marca a criança pelo restante
da vida.
Dar colo transmite ao bebê muitas coisas ao mesmo tempo:
segurança, proteção, carinho, amor e, inclusive, o limite do seu corpo. É nos
braços do adulto que o recém-nascido vai descobrindo que tem começo e fim, já
que, ao nascer, ele não sabe ainda que é uma pessoa separada da mãe.
Não tenha medo de dar colo ao seu bebê. Ele não vai ficar
manhoso nem mal-acostumado. Entenda a "manha" como um pedido, um
jeito de dizer que algo está faltando. Sendo assim, por que não pegá-lo no colo
e confortá-lo? É importante se perguntar o que
está provocando seu medo. É possível que a pressão para que dê pouco colo ao
seu filho esteja relacionada com as exigências que enfrenta. Tendo que
trabalhar, muitas mães querem que os bebês fiquem independentes muito
cedo para que não "sofram" com a separação. Esse sentimento leva às
tentativas de fazer o bebê adormecer sozinho antes dos 7 meses e tirar as
fraldas com menos de 2 anos. Forçar a aquisição de tais habilidades antes do
tempo pode até ser possível, mas certamente terá um custo emocional.
As mulheres da geração atual, independentes e acostumadas a
levar uma vida autônoma, sentem mais o peso da responsabilidade pelos cuidados
de um outro ser durante um longo período. Você não precisa ser a única a cuidar
do bebê. Se possível, divida as tarefas com o marido, com as avós, com uma babá
ou mesmo com uma creche. E lhe dê uma boa base de carinho, transmita segurança,
demonstre que bota fé no seu desenvolvimento.
O único contexto no qual o excesso
de colo pode ser prejudicial é quando ele espelha uma relação mãe-pai-bebê
desequilibrada. Talvez o casal não esteja funcionando bem ou se afastando
sexualmente. Nesse caso, o colo pode ter adquirido a função secundária de
afastar o casal, colocando o bebê no meio deles, ou mesmo suprindo o carinho
que deveria existir entre o pai e a mãe. Razão pela qual a mãe mergulha
totalmente na fascinação que sente pelo seu bebê, deixando de lado outros
aspectos de sua vida de mulher, de companheira, de profissional. Mas, mesmo aí,
não é a quantidade de colo que causa o problema... Os movimentos dessa dança
têm de estar em sintonia: o apaixonamento e a ruptura darão ao bebê condições
de crescer saudável. Agora, imagine, se até os adultos precisam de um colinho,
que dirá o bebê?
Fonte: Claudia Rohenkohl é psicanalista especializada em
psicopatologia do bebê
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